30 de outubro de 2013

Fusíveis – tão pequenos e tão importantes

Quem nunca passou um grande aperto porque o fusível do aparelho queimou e estava sem outro de reserva? Por outro lado, quem nunca agradeceu porque, na hora em que o transformador da rede elétrica do local explodiu, ou alguém fechou curto-circuito na rede elétrica, só o fusível queimou, preservando o aparelho. É incrível o que essas pequenas peças (de alguns poucos centímetros de comprimento) e tão baratas (custo por volta de R$ 1,00) podem fazer.

É uma “lei” na eletrotécnica: nunca faça um circuito elétrico (tudo que trabalha com eletricidade) sem um dispositivo de proteção. E dispositivos de proteção existem de vários tipos, como disjuntores, relés e fusíveis. Existem vários tipos de cada. Como o assunto é bem extenso, vamos focar ao nosso interesse, equipamentos de áudio, e assim, com os fusíveis, que são o tipo mais utilizado de sistema de proteção de equipamentos de áudio.
O intuito de todo fusível é proteger o circuito elétrico do equipamento quanto a sobrecargas e curto circuitos. Ele é o “ponto fraco” do circuito. Sobrecarga acontece se você fizer o equipamento atuar além da sua capacidade nominal de trabalho. Pode existir também sobrecargas de tensão (os chamados picos de tensão, quando a tensão da rede excede o seu valor normal). Curto-circuito o próprio nome já diz, mas se trata de curto dentro do próprio equipamento, em seu circuito elétrico ou suas saídas.
Como você já deve ter visto, os fusíveis encontrados nos equipamentos de áudio são cilindros de vidro com extremidades metálicas, e dentro dele existe um filamento (um “fiozinho”). Aquele filamento define duas características do fusível: a tensão de aplicação (Voltagem) e a corrente máxima (Amperagem) que ele suporta continuamente sem romper.

Ultrapassada a voltagem ou ultrapassada a amperagem, o fusível se rompe. Note o “ou”, ou seja, qualquer um dos fatores ultrapassados é motivo para o fusível se romper.
Para se familiarizar, retire algum fusível de algum equipamento (mixer, amplificador, equalizador, etc) e repare nele. Procure na parte metálica a inscrição da tensão e da corrente. Por exemplo, você pode encontrar um fusível que trabalhe numa tensão máxima de 150V e corrente máxima de 2A. Ou pode encontrar um fusível de 250V e 1A. Isso depende da tensão da rede de alimentação e do consumo nominal (nominal = para qual foi projetado) do aparelho.
Quanto encontramos um equipamento que não quer ligar, a primeira coisa a verificar é o fusível. Se o filamento estiver rompido, parecido com as figuras abaixo,

será necessário substituir o fusível. Mas há alguns detalhes importantes para a realização desta tarefa. Vamos começar com o que NÃO FAZER:
1.Algumas pessoas ligam com um cabinho (um outro fio ou filamento, cortado de algum cabinho flexível) as extremidades do fusível. NUNCA FAÇA ISSO, mesmo sabendo que o equipamento está em boas condições de operação. Seu equipamento estará totalmente desprotegido pondo em risco a integridade do mesmo, da instalação, e da segurança das pessoas.
2.Trocar o fusível por outro de maior capacidade de corrente nominal. Dessa maneira você pode desproteger o equipamento, e em uma possível sobrecarga o mesmo não queimará Quando o fusível não queima, quem é danificado são os componentes internos do aparelho, de conserto muito mais caro.
3.Colocar um fusível por um de tensão (voltagem, V) nominal menor do que a tensão de operação do aparelho. Você pode ter o inconveniente de ter o fusível queimando durante a operação do mesmo, sendo que nenhum problema pode ter ocorrido para a queima do fusível.
4.Colocar um fusível de corrente (amperagem, A) nominal bem menor do que a especificada. Idem pelo motivo acima.
Ao encontrar um fusível queimando, é altamente recomendável  fazer, antes mesmo da sua substituição, uma análise para descobrir o motivo da queima. Pode ter sido um um curto-circuito (curto-circuito na rede elétrica ou até mesmo curto em cabos de áudio defeituosos. Por exemplo, isso é muito comum de acontecer nos cabos das saídas de potência de amplificadores) ou uma sobrecarga no sistema.
Apesar de ser algo difícil (antes de substituir o fusível fazer os testes), principalmente se estamos no meio de um evento, isso é altamente recomendável para a preservação do equipamento. Como existem aparelhos que custam dois mil reais, vinte mil reais, ou mais de duzentos mil reais, colocar simplesmente um novo fusível e ligar novamente (sem antes fazer as verificações e testes), e o fusível queimar novamente, ele protegeu o equipamento contra algo pior, mas nessa nova tentativa de liga-lo pode ter danificado algum componente interno.
Se o fusível de um equipamento queimou, e um novo fusível for instalado e voltar a queimar, não insista: deixe o equipamento de lado e leve-o a uma oficina para inspeção completa!
É importante lembrar que surtos de tensão na rede elétrica podem provocar queima de fusíveis. Isso pode ser evitado se tiver um sistema corretamente aterrado e protegido por filtros e/ou estabilizadores.
Como agir corretamente então na troca de fusíveis?
1.Sempre troque o fusível pelo mesmo especificado pelo fabricante, lembrando da TENSÃO e CORRENTE projetada para o equipamento. Em muitos equipamentos, tal informação vem escrita na própria serigrafia, ao lado do fusível, mas em alguns casos, será necessário consultar o manual. Somente desta forma o aparelho estará protegido quando a problemas internos ou desligamentos indesejáveis.
2.Em situações de emergência é aceitável a utilização de fusíveis de corrente pouco inferior a nominal. Caso seu amplificador possua um fusível de 2,0A, e por sobrecarga ele queimou, e você está no meio de um evento, e tem na sua mala um fusível de 1,8A, pode usa-lo para suprir esta emergência, mas sabendo que uma nova interrupção pode ocorrer se o amplificador em questão for exigido ao limite.
3.A regra mais importante é também a mais difícil de ser cumprida. TENHA FUSÍVEIS SOBRANDO, E OS MANTENHA POR PERTO! Possua em sua mala de ferramentas fusíveis sobressalentes de cada equipamento, para em alguma situação emergencial você não ficar sem o que poder fazer.
Uma dica: em equipamentos com alças, prenda alguns fusíveis sobressalentes nelas, com fita crepe. É uma solução simples e fica sempre fácil de lembrar onde estão os fusíveis.
Em resumo, para ter seus equipamentos devidamente protegidos, sempre troque os fusíveis pelos mesmos especificados pelo fabricante e na queima de algum, verifique a causa da queima antes da substituição do fusível.
Tensão (Voltagem) e fusíveis
A maioria dos equipamentos é vendida com tensão selecionável (bi-volt), para 110V ou 220V (em geral há uma chave para selecionar a tensão desejada). O normal é as fabricas deixarem configurados o aparelho em 220V, e inclusive o fusível também para 220V.
Só que, pela Lei de Ohm, o fusível de 110V tem o dobro da amperagem do fusível de 220V. Veja:
Potência = Voltagem x Amperagem
Fusível de 4A para 110V = 4 x 110 =  480Watts
Fusível de 2A para 220V = 2 x 220 = 480 Watts
É comum no manual vir preso um fusível a mais, para 110V (já que o fusível de 220V já está no aparelho), e um alerta para, se operado em 110V, realizar ANTES a troca do fusível.
Só que… ninguém lê manual, ou se lê não presta atenção neste “detalhe”. E usa o aparelho com um fusível que aguenta a metade da amperagem. Então, quando o aparelho é mais exigido (um mesa de som com todos os canais funcionando, um amplificador usado até a máxima potência, etc), o fusível queima. Note bem: o aparelho funciona perfeito até o dia em que é exigido ao máximo e… o fusível (para 220V) não aguenta. Podemos garantir, por experiência própria, que ocorrer tal situação no meio de um evento não é nada agradável. 
Amplificadores com disjuntores
Muitos fabricantes tem feito amplificadores de potência com disjuntores no lugar dos fusíveis. A função é a mesma, sendo o disjuntor uma peça que também suporta uma tensão e uma corrente máximas (Voltagem e Amperagem). A grande vantagem é o fato de que o disjuntor desarma, não queima. Caso desarme, um simples movimento em uma chave é capaz de armá-lo novamente.

Isso é mais comum em amplificadores monovolt (caso contrário, seria necessário dois disjuntores, um para 110V e outro para 220V), e de alta potência.
Fusíveis e consertos de equipamentos
Antes de levar o equipamento defeituoso em uma oficina especializada (o que lhe custará um bom dinheiro), tire a tampa e faça uma inspeção rápida. Alguns projetos contam com vários fusíveis de proteção, e às vezes é algum destes outros fusíveis que queimou. Alguns exemplos:
As fontes das mesas Ciclotron (VEGA e CMC) contam com um fusível geral (acessível pelo usuário) e vários fusíveis internos (só acessíveis se desmontarmos a tampa). Cada fusível é responsável por proteger uma determinada área, e a queima de um deles pode fazer com que o equipamento não opere totalmente ou apenas uma função (Phantom Power, por exemplo).
Um amigo instalou um amplificador importado de marca sem representação no Brasil (STK, coreana) de 110V em uma tomada 220V. O fusível geral queimou, mas mesmo trocando-o o aparelho não ligava. Ao desmontá-lo, percebemos que um capacitor estourou, e que antes das placas de circuito, onde ficam os componentes mais caros, haviam dois fusíveis internos, também queimados. A troca das peças custou apenas R$ 20,00, graças à proteção dos fusíveis internos à placa, e nem precisamos de diagrama esquemático. .
Conclusão
Agora que já sabemos tudo sobre fusíveis, que tal ir na igreja, dar uma revisada nos fusíveis de todos os equipamentos, comprar sobressalentes caso necessário? Ah, anote o tamanho. Há fusíveis de diferentes tamanhos

PASSAGEM DE SOM E PA!

O termo “PA” se refere a “public address” – ou seja, som endereçado ao público. Mas hoje em dia, a definição mudou convenientemente para “performance áudio”. Os elementos desse referido sistema são facilmente reconhecíveis dentro das casas de shows: as caixas do PA estão localizadas nas extremidades dianteiras do palco e a mesa que ajusta o som para a plateia geralmente está do lado oposto do palco e contém muitos equipamentos como periféricos e módulos. Tudo operado e controlado pelos técnicos para proporcionar um som ambiente de boa qualidade. A parafernália requerida de equipamentos de maneira geral depende das dimensões do local. Tudo é equacionado de maneira matemática e recheado de cálculos, gráficos e fórmulas. Sim, tem que fazer muitas contas e nem tudo se resolve na base da “orelhada” ou no golpe de vista. Essa é a parte chata. Logicamente, os técnicos experientes conseguem “tirar” um som animalesco com vivência e macetes adquiridos.
A primeira preocupação dos técnicos é com o volume – que é a quantidade da intensidade sonora. Além dos volumes individuais, é necessário o ajuste do volume global. E isso tem muito a ver com a quantidade de potência sonora disponível para amplificar o som do local. É deveras desejável dispor de “b-a-s-t-a-n-t-e” potência. Esse requisito é o diferencial para obter um som mais limpo e audível. Quanto maior autonomia de potência, maior a resolução sonora. Quanto menor a carga potencial, o timbre tende a ser mais sujo porque está próximo do limite máximo da potência – gerando saturação e distorção. Por isso, cada local requer uma quantidade de potência com autonomia além do exigido para garantir uma performance de áudio satisfatória em termos de nitidez. Volume ou ganho são elementos ou qualidades sonoras diferentes de timbre. O timbre é o que discrimina o que é grave, médio e agudo. É a segunda preocupação dos profissionais no que diz respeito a monitoração do som. Lógico que os caras velhacos fazem os ajustes de maneira simultânea. E na maioria das vezes, o diferencial está nas texturas – na maneira como o técnico “timbra” o som do PA.
Gêneros musicais pesados como hard rock e metal, não são diretamente complicados em termos de regulagem ou ajustes por causa do próprio estilo. Isso é uma grande besteira dita por muitos técnicos que conheço. Lembro que quando João Gilberto fez uma série de apresentações no Credicard Hall, na ocasião da inauguração da casa – muito se falou da problemática da acústica e dificuldade de sonorizar o referido ambiente.
Mas quando trabalhei para o Dimmu Borgir em abril de 2004, o técnico inglês da banda simplesmente tirou o melhor timbre que já escutei na casa. E a banda brasuca que fez a abertura, o Torture Squad, também fez um showzaço com som impecável para a galera. Ou seja, nada a ver mesmo!
Mas em que? Ou em quem colocar a culpa quando o som é ruim? As variáveis são diversas! Pode ser o equipamento, a regulagem, o operador, a casa ou a conjunção de quaisquer dos elementos citados.
Um expediente obrigatório é a passagem de som, o soundcheck. É o momento de fazer os ajustes e resolver as “pendengas” sonoras. Na maioria dos casos, a banda comparece para a passagem de som. Tocam duas ou três músicas com interrupções para os acertos sonoros no palco e nos monitores direcionados aos músicos. Basta prestar atenção e notar as caixas que estão posicionadas na frente e na parte de trás do palco. São monitores solitários para cada músico, ou em pares. Depende da configuração requerida pela banda. O baterista geralmente utiliza dois sistemas de monitoração na parte de trás, ou nas laterais próximas ao próprio músico. Os guitarristas, baixistas, tecladistas e vocalistas requerem monitores na parte frontal do palco. Esses monitores são controlados pela mesa de monitor, e é possível escolher quais instrumentos o músico quer como referência sonora para ele próprio. E o sistema in-ear com fones de ouvidos, é a outra alternativa de monitoração. Na passagem de som é feita a checagem dos monitores, in-ear e definido qual a referência de som para cada músico.
Quando trabalhei para a banda Mortification em agosto de 2001, eles tocaram aproximadamente 18 músicas na passagem de som. Sim, foram mais músicas que no show principal! Bandas como Helloween e Unisonic comparecem sem os vocalistas para a passagem de som.
Já passei o som para muitas bandas, a qual os próprios integrantes odeiam fazer isso. E os caras só chegam na hora do show e as três primeiras músicas é o prazo para o ajuste fino e definitivo. Ou seja, é um fator de risco, mas os técnicos conseguem dar conta do recado.
O ajuste sonoro da casa vazia é diferente quando a casa está cheia. É quando a audiência entra no recinto e ocorre uma significativa alteração na pressão sonora – o barulho oriundo das pessoas também influi na regulagem definitiva no momento do show. Note que os técnicos estão sempre executando ajustes na mesa de som em diversos momentos do show.
Com relação a iluminação, é fundamental que o fornecimento de energia elétrica da luz e do áudio estejam separados em fases distintas – para que uma não interfira no rendimento da outra. Mas durante os preparativos técnicos do show, ambas as equipes trabalham simultaneamente.

29 de outubro de 2013

Fase: Diferença de tempo ou polaridade?

Um dos assuntos mais confundido no áudio é Fase. Vamos saber neste post se é pra apertar o botão inversor ou mudar o posicionamento do microfone quando as coisas soarem estranhas.
A grande confusão é que as pessoas usam o termo FASE para expressar mais de um problema.  Mas há duas coisas que pode se concluir como um problema de fase, mesmo que seja errado o termo, a pessoa pode estar referindo-se a polaridade ou diferença de tempo.  Vamos esclarecer o que é cada qual.
Polaridade
Você verá um botão em alguns preamps e equipamentos de áudio rotulados como fase, inversão de fase, etc.  Isto é realmente Polaridade.
Outros engenheiros vão falar sobre trocar o pino 2 pelo pino 3 num cabo XLR. Isto também é Polaridade.
O som é vibração do ar. As moléculas são empurradas e puxadas, em seguida, empurrado em seguida removido e assim por diante. Essa vibração do ar é a força que move uma cápsula de microfone. Quando o ar empurra,  deve haver um aumento acima de zero na forma de onda. Quando o ar puxa o elemento deve haver uma queda abaixo de zero. Empurrar ou puxar é Polaridade. Se você inverter a polaridade, um empurrão contra a cápsula  irá causar uma queda abaixo de zero em vez de acima. 
Nós simplesmente estamos invertendo a relação entre pessão do ar e sua representação elétrica.
Polaridade invertida
Vamos examinar um caso ideal de polaridade:  ao combinar dois sinais idênticos (em espectro, volume e tempo) o volume dobrará. Se você inverter a polaridade de apenas um desses sinais (como mostrado acima) e combiná-los, eles vão cancelar perfeitamente.
Diferença de tempo
Fomos ensinados que ao colocar dois mics captando a mesma fonte poderemos ter problemas de “fase”.  Mas quando o som da caixa chega primeiro no microfone da caixa ao invés do microfone do over, podemos descrever esta situação precisamente como diferença de tempo.
Em uma gravação digital você pode corrigir isso apenas colocando “em fase” as duas waveforms, fazendo elas começarem a onda no mesmo tempo.
Diferença de tempo
A diferença de fase pode causar Comb filtering como já falamos NESSE POST, as vezes uma mudança sutil, porém profissionais experientes logo percebem quando há comb filter atuando no sinal.

Para evitar gerar mais confusão, tenha em mente isso:
Fase = Tempo
Inversão de polaridade é outra coisa.
Talvez se  começarmos a usar o termo correto acabamos com essa grande confusão nos termos.

Cabos: Balanceados ou não? Qual a diferença?

Você  já teve a curiosidade de comparar um mesmo pré ou mesa ligado à sua interface de áudio com um cabo não balanceado (provavelmente com plug banana P10) e o mesmo pré  (e/ou) mesa com um cabo dito balanceado (plug Canon TRS) e teve uma leve impressão que com o balanceado, o som ficou mais alto?
Não foi mera impressão. As conexões em um cabo balanceado promovem esse resultado também, mas tem um objetivo maior. Eliminar ruídos da fonte emissora do sinal.
Inevitavelmente, algumas vezes uma fonte apresenta ruídos indesejáveis, que seriam enviados ao sistema de gravação/mixagem junto com o sinal de áudio, mas a tecnologia de balanceamento pode resolver esse problema.
Como pode um cabo simples fazer isso?
Simples. Mas na verdade o mérito não é do cabo, mas do sistema como um todo.
Um sistema balanceado funciona com 3 vias. Positivo (Hot), Neutro (Ground) e Positivo Invertido (Cold), com polaridade  invertida.

Uma fonte emissora, como o mixer, separa o sinal de áudio enviado em duas vias, invertendo a fase de uma delas, o que cancelaria o sinal se assim fosse utilizado. Nesse momento, qualquer ruído que se apresente estará com polaridade igual nas duas vias.
Ao receber o sinal, a unidade receptora, por exemplo uma interface de áudio, inverte novamente a fase de uma das vias, fazendo com que o sinal volte ao sua polarização correta e que interessante, fazendo com que o ruído  que estava de carona fique com uma das vias em polaridade invertida, cancelando-o completamente.
Essa é a grande vantagem de utilizar cabeamento balanceado, quando os dois equipamentos permitirem.

27 de outubro de 2013

Novidade em moving lights

A imaginação do pessoal do outro lado do mundo é realmente impressionante eles consegiram reinventar o conceito de moving ligh criando um novo produto vejam os videos abaixo para entender como a coisa funciona.






Aterramento é coisa séria


Não aposte sua vida: Faça o aterramento do sistema de AC corretamente.
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Mesmo falando deste assunto por mais de 15 anos em palestras, ainda me espanta como muitos profissionais competentes desconhecem a importância de se aterrar os equipamentos. Ainda mais chocante (o trocadilho foi intencional), muitos, rotineira e casualmente desligam o aterramento para resolver problemas de ruídos!
De um modo geral, a finalidade do aterramento é interligar partes condutoras de eletricidade, tais como o chassi dos equipamentos e estruturas metálicas a fim de eliminar as diferenças de voltagens entre elas.

A ABNT1 (Associação Brasileira de Normas Técnicas), a partir de 2004, exige que a distribuição da energia elétrica nas casas ou em qualquer outra edificação (mesmo que provisória) seja feita com três fios.



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A figura 1 mostra como a energia elétrica é entregue na tomada da sua casa pela concessionária. Para simplificar, mostro apenas a ligação de dois dos quatro fios do transformador público.
Um desses fios, que normalmente não é isolado, é o terra, ou neste ponto, o “neutro”.  Note que tanto o neutro (fio azul2) como a fase (fio preto), formam o circuito elétrico por onde a corrente elétrica circula, como mostram as setas. A ABNT, exige que o neutro e o terra (fio verde ou verde e amarelo), em cada circuito primário de derivação, sejam amarrados ou “ligados” entre si juntamente a uma haste de aterramento3.
Qualquer equipamento ligado à rede elétrica, que possua partes condutoras expostas (isto inclui os conectores de áudio), pode apresentar riscos de choques ou mesmo de eletrocussão caso alguns defeitos ocorram. A isolação é usada em transformadores, chaves, motores, cabos e outras peças internas para manter a eletricidade em seu lugar.
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No entanto, por várias razões, este isolamento pode falhar e conectar uma fase diretamente nas partes metálicas expostas do equipamento como mostrado na figura 2. Este defeito tem o nome de FALTA4, e produz uma corrente de falta. Por exemplo, se o motor de uma máquina de lavar roupas superaquece e derrete a isolação (capa) dos fios, a fase pode encostar no gabinete e energizá-lo! Qualquer um que acidentalmente encostar nessa máquina e em outra superfície condutora aterrada como uma torneira metálica, será eletrocutado.
Lembre-se: A corrente elétrica irá sempre retornar para sua fonte, seja o caminho intencional ou acidental. Os elétrons não se importam, ele não olham esquemas elétricos.
Deligando o disjuntor:
Para retornar a corrente de falta muitos equipamentos possuem um fio ligando suas partes expostas de metal no pino terra do conector ou cabo de AC.
O fio terra da tomada é ligado, ou por um cabo verde ou por um barramento, no neutro do padrão da edificação, onde está localizado o disjuntor principal.
Esta conexão de baixa impedância com o neutro permite que uma alta corrente de falta circule, desarmando o disjuntor principal rapidamente, eliminando assim, a fase do circuito elétrico. Para isto funcionar corretamente, o terra, tem que retornar para o neutro. (Note que a conexão com a massa (solo) não tem nada a ver com esta proteção!)
Nunca, jamais utilize adaptadores de dois para três pinos, ou quebre o terceiro pino dos plugues para resolver um problema de ruído em equipamentos de áudio e vídeo5. Caso um aterramento adequado não estiver disponível, utilize disjuntores diferenciais6. Eles funcionam medindo a diferença da corrente que circula pelos condutores fase e neutro.
Esta diferença é uma parcela da corrente da fase que não está retornando para o neutro – pressupomos que esta corrente de falta é a que está circulando pelo corpo de uma pessoa. Se esta diferença alcançar 5mA7, o disjuntor diferencial é desarmado, eliminado a fase do circuito5.
 Imagine dois equipamentos ligados na rede elétrica e conectados entre si por um cabo de sinal. Um desses equipamentos está aterrado e o outro teve seu terceiro pino desligado.
Se ocorrer uma falha de isolação no equipamento que não está aterrado, a corrente de falta utilizará o cabo de sinal para retornar para sua fonte. É muito provável que este cabo pegará fogo e derreterá8. Eliminar ou não utilizar o aterramento não só é ilegal  e perigoso como o torna legalmente responsável por qualquer problema de ordem elétrica.
Nos Estados Unidos, num ano típico, problemas em equipamentos de áudio e vídeo fazem nove vítimas fatais, 1.900 residências são incendiadas, causando 20 mortes, 110 pessoas sofrem danos sérios e mais de 30 milhões de dólares de prejuízos são computados.
A amplitude da corrente determina a gravidade do choque. Até 1mA, sentimos apenas um formigamento desagradável. Mas acima dos 10mA, contrações musculares involuntárias ou até um sufocamento fatal podem acontecer se esta corrente circular de uma extremidade a outra de seu corpo.
Um choque elétrico de corrente entre 50mA e 100mA normalmente causa uma fibrilação ventricular que o levará a morte.
A resistência elétrica da pele seca do corpo humano é suficientemente alta para permitir um ligeiro toque num cabo de 127V, mas a umidade normal de nossa pele reduz essa resistência, permitindo que uma corrente elétrica maior circule por nosso corpo.
OH, Raios …
A Terra (nosso planeta) em si é o caminho de retorno da corrente de um relâmpago. Para proteger as pessoas e equipamentos dos raios, temos que fazer uma conexão com o solo. Linhas de transmissão de alta voltagem são alvos frequentes de relâmpagos. Por isso, todas elas possuem conexões com o solo, periodicamente ao longo do seu trajeto. Quando isto não era feito, as linhas de transmissão guiavam o relâmpago para dentro das casas, iniciando um incêndio e matando pessoas.
 A ABNT exige que o padrão elétrico de entrada seja aterrado para dirigir os raios para o solo antes que eles entrem na edificação. Pela mesma razão, as operadoras de TV a cabo e telefonia devem fazer o mesmo.
 O solo possui resistência elétrica como qualquer outro condutor, portanto, as conexões com ele não possuem zero Volts em relação a outro aterramento ou qualquer ponto místico ou de referência “absoluta”. A ABNT permite que a conexão com o solo (ponto de aterramento) possua alguns Ohms9
Clique no link para ampliar 

Deve-se ter em mente que este valor de resistência é muito alto para garantir o disparo de um disjuntor de proteção numa situação de curto circuito, por isso, um aterramento nunca pode ser confundido com um aterramento de proteção. O aterramento de proteção só é conseguido quando ligamos o ponto de aterramento ao condutor neutro no padrão de entrada10. Se mais uma fonte de energia ou hastes de aterramento forem utilizadas, elas devem ser interligadas como mostra a figura 311.
Fatos da vida
A maioria dos sistemas de som possuem pelo menos dois aparelhos interligados e alimentados pela rede elétrica. Quando acontecem, a causa de ruídos ou outros problemas é atribuída a um “aterramento inadequado”, mas na maioria dos casos, não há relação alguma com isto. Qualquer instalação elétrica adequada, totalmente compatível com as normas da ABNT, possuirá pequenas diferenças de voltagens entre os terras das diversas tomadas de saída, isto é normal e seguro. Em geral, diferenças de tensão (alguns miliVolts) entre os terras das tomadas que estão fisicamente próximas e elas serão maiors (alguns Volts) entre as tomadas que estão distantes entre si ou em circuitos elétricos diferentes
Estas pequenas voltagens somente causam problemas quando um equipamento despreparado ou problemático12 é inserido no sistema – mais infelicidade do que um problema de fato. Mas o que tudo isso tem a ver com os ruídos (hum e buzz)? As pessoas têm uma forte tendência em culpar o AC pela “sujeira” dos ruídos de áudio e vídeo.
Na verdade, a distribuição da energia elétrica é muito parecida com uma rodovia – onde trafegam caminhões pesados, assim como carros esportivos.
Eliminar os ruídos “purificando” o AC é o mesmo que repavimentar esta rodovia a fim de corrigir um carro com o projeto da suspensão ruim. Uma abordagem muito mais coerente para eliminar os ruídos é garantir que a alimentação dos equipamentos possua um caminho mais curto que os sinais de áudio, vídeo e controle. Isto é a mesma coisa que substituir os amortecedores ruins de um carro para absorver as irregularidades de uma estrada esburacada.
Enfim, construir uma instalação elétrica segura deve ser sua prioridade!
Bill Whitlock é o presidente da Jensen Transformers, uma das empresas mais renomadas fabricantes de transformadores de áudio do mundo e um dos mais reconhecidos escritores de documentos técnicos de áudio da atualidade.
Traduzido por Henrique Elisei é engenheiro elétrico, especialista em hardware, fundador e presidente da Pentacústica além de ser fã de longa data do escritor deste texto.
Notas
1 Nos EUA, NEC (National Electric Code).
2 Nos EUA o condutor neutro possui cor branca.
3 Este aterramento possui o nome de TN-S.
4 Aqui no Brasil também chamamos isto de curto circuito. Esta é uma das causas da tal “fuga de AC” que tanto ouvimos falar.
5 Parte do texto original foi suprimido intencionalmente por não julgarmos relevante ao desenvolvimento do raciocínio.
6 No Brasil, é obrigatória a utilização de disjuntores diferenciais nos circuitos elétricos dos banheiros, cozinha e áreas externas da edificação, no entanto, a NBR-5410 não deixa claro se eles devem ser usados em instalações elétricas provisórias.
7 Existem disjuntores diferenciais que desarmam com várias correntes, elas geralmente vão de 5mA a 25mA.
8 Quantos processadores, mesas de som e luz, etc, já não estragaram por conta disto!
9 Não existe um valor específico na NBR-5410, mas sim um cálculo levando em conta a corrente de falta e a voltagem entre a fase e o neutro. Tipicamente um bom ponto de aterramento deve possuir resistências entre 10 Ohms e 25 Ohms.
10 Isto inclui os geradores, transformadores públicos, main powers de som e luz.
11 A figura do documento original contém um erro. A segunda haste de aterramento não está conectada à primeira.
12 Os cabos de áudio e DMX fazem parte desta lista.



25 de outubro de 2013

10 dicas de como construir e aumentar sua autoconfiança

Pessoas com autoconfiança fortalecida têm maior probabilidade de alcançar o sucesso em todas as áreas da vida.

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Olá companheiros!
Melhorar sua autoconfiança irá promover um estado físico e psicológico melhor e mais positivo, como também irá prepará-lo para prosseguir e ter persistência para perseguir os seus sonhos.
A baixa confiança em si próprio está ligada à impressão de incapacidade e baixa autoestima. De acordo com o psicólogo Miguel Lucas da Escola Psicologia: “As pessoas com autoconfiança diminuída, sentem-se como um “fardo” e vão reforçando um conjunto de redes neuronais (mapa da consciência), especializadas em ler sinais exteriores (estímulos situacionais e ambientais) e igualmente interiores (memórias) que promovem o sentimento de culpa, vergonha, apatia e medo”.
Isto torna a falta de autoconfiança uma característica incapacitante. Muitas vezes limita a pessoa nas suas oportunidades e põe em risco as suas chances de sucesso por que elas têm formas de pensar e agir inadequadas e limitantes.
A boa notícia é que a autoconfiança pode muito bem ser aprendida e construída. Veja:

1 – Compromisso

Você deverá querer, estar disposto a construir sua autoconfiança. Então assuma este compromisso. Pode inclusive, escrever um tipo de contrato consigo mesmo. Se surgirem dúvidas, vá enumerando e desafiando cada uma delas para a solução. Uma por vez.

2 – O Já alcançado

Faça uma lista com as 10 melhores coisas que você já fez em sua vida, e deixe acessível para que possa passar alguns instantes a cada semana desfrutando dos seus sucessos passados.

3 – Os pontos fortes

Passe algum tempo refletindo sobre seus pontos fortes. Todos nós temos pelo menos alguns. Se você sentir dificuldade, procure observar, sem perguntar, o que seus amigos falam de você. Por exemplo, você pode ser engraçado ou saber cantar, ou ser hábil para fazer contas, etc.

4 – Determine pequenos objetivos e vá alcançando

Descreva seu objetivo de forma a utilizar seus pontos fortes, minimizar suas fraquezas e ser capaz de perceber e contornar tudo que possa ameaçar sua realização. Escolha algo que possa ser realizado em um pequeno espaço de tempo, como arrumar sua mesa. Cumprido este, estabeleça outro, e cumpra. Pequenas vitórias vão ajudando você a confiar em si mesmo.

5 – Não e Eu não sei

Pessoas autoconfiantes não têm “medo” de dizer Não e Eu não sei. Não precisamos ser grosseiros, mas não há também vantagem em dizer sim apenas para não discordar de outras pessoas e evitar o conflito. Aprender a dizer Não é um dos passos mais importantes no caminho da autoafirmação e confiança.

6 – Condicionamento comportamental

Treinar autoconfiança envolve condicionar-se a ser autoconfiante. Você pode procurar vestir-se adequadamente a cada ocasião, andar com confiança, cabeça erguida, usar tom de voz firme e calmo, sorrir, com o tempo estas atitudes vão se incorporando aos seus hábitos. Não é de uma hora para outra. Demanda tempo, mas funciona.

7 – Condicionamento Mental

Sugerir apenas cultivar pensamentos positivos pode parecer simplista, mas, focar nos objetivos e pontos fortes irá acionar um conjunto de redes neuronais especializadas em encontrar soluções para os problemas, é como que uma tendência para procurar o sucesso. Se você focar somente no que pode dar errado não terá tempo de olhar por aonde ir para dar certo.

8 – Fale bem de você

Tenha cuidado com auto verbalizações. Não se desvalorize nem se autodeprecie. Use frases motivadoras e de incentivo a você mesmo.

9 – Capacite-se

Se o que lhe falta para construir a autoconfiança é a certeza de ser capaz de realizar seu objetivo, então trabalhe no sentido de eliminar esta fraqueza. Se o seu sonho é passar em um concurso público, você vai realizá-lo com uma boa preparação e muita dedicação. A construção da confiança em passar vai abranger o processo de estudo.

10 – Estabeleça Metas

Esta é a hora de começar a avançar. Faça os objetivos um pouco maiores, e os desafios um pouco mais difíceis. Aumente o tamanho do seu compromisso e amplie as habilidades que você já provou que tem. Estabeleça sua meta, trace o caminho para alcançá-la e siga em frente!
Boa Sorte!

17 de outubro de 2013

Como casar impedância ?

Pra começar, o que é impedância?

A impedância nada mais é do que uma espécie de resistencia elétrica.

Quando você passa corrente elétrica em um material, ele gasta um pouco da energia para transformar em calor. isto é atribuído à resistência elétrica do material.

Em alguns casos o componente não gasta energia na forma de calor, mais oferece um impedimento à passagem desta energia, transformando em energia cinética (Mecânica) e com a vibração do cone resultande da energia cinética, transformar essa energia em som, uma espécie de conversor de energia elétrica em sonora.

Isto é chamado de reatância.

Quando em um equipamento estão presentes resistência e reatância, pode-se combiná-las e chegar a uma espécie de média, que é chamada de impedância.

Todas as grandezas que citei aquí são medidas em Ohms.

Mais agora que ta...como CASAR essas impedâncias?

É tão simples como dividir ou multiplicar números, veja os exemplos:

Se eu tenho 4 alto-falantes de 8 Ohms e liga-los em paralelo (+) e (+) com (-) e (-) a impedância de cada alto-falante (que é 8), é dividida pelo número de alto-falantes (que são 4), sendo assim temos que 8/4= 2 Ohms....ae OBAAA...fácil assim?...é!.

Porém tem uma outra forma de casar impedâncias que divide a potência entre os alto-falantes que é a ligação em série (+)(-)-----(+)(-), ou seja, no primeiro alto-falante vc liga um dos terminais do amplificador no (+) do alto-falante e ligue um fio do terminal (-) do alto-falante anterior no (+) do próximo alto-falante, e no último alto-falante lige o terminal (-) do amplificador no terminal (-) do alto-falante e para descobrir a impedância final é só somar a impedância de cada alto-falante exemplo da impedância ligando-se 4 alto-falantes de 8 Ohms em série: 8 + 8 + 8 + 8 = 32 Ohms.

Lembrando que, quanto menor for a impedância, mais potência ela vai puxar do amplificador, e quanto maior for, menos potência puxa então tome cuidado pra não queimar o seu amplificador ligando alto-falantes com impedâncias menores do que as suportadas.

Conclusão, vc pode ligar um alto-falante de 4 ohms num amplificador cuja saída suporta a impedância mínima de 2 Ohms, o que não pode ocorrer é justamente o inverso, ou seja, ligar um alto-falante de 2 Ohms numa saída que suporta no mínimo 4 Ohms.

15 de outubro de 2013

Merchandising





PEC da Música será promulgada, mas redução de preço pode demorar

  • 11.set.2013 - Os músicos Fagner, Falcão e Nando Cordel comemoram a aprovação pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da PEC da Música, que isenta de impostos CDs e DVDs com obras musicais de autores brasileiros e reduz o preço dos produtos ao consumidor. A PEC será votada nesta quarta-feira (11) no plenário do Senado
    11.set.2013 - Os músicos Fagner, Falcão e Nando Cordel comemoram a aprovação pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da PEC da Música, que isenta de impostos 
    CDs e DVDs com obras musicais de autores brasileiros e reduz o preço dos produtos 
    ao consumidor. 
    A PEC será votada nesta quarta-feira (11) no plenário do Senado
Aprovado no Senado em setembro, a PEC da Música, que isenta de impostos obras musicais de autores brasileiros, será promulgada nesta terça-feira (15) em sessão solene no Congresso Nacional, e passará a valer na quarta-feira (16). É aguardada a presença de artistas e integrantes de associações. Afinal, é o respiro que a indústria musical buscava nos últimos 15 anos, quando assistiu as vendas destes produtos caírem vertiginosamente pela primeira vez. 
A emenda promete dar um gás a uma indústria que fazia circular R$ 809 milhões de CDs vendidos em 1999 e que teve em 2012 rendimento de R$ 172 milhões, segundo dados da ABPD (Associação Brasileira de Produtores de Discos). Para resgatar o consumidor, que hoje se dedica a ouvir música na internet, inclusive de maneira ilegal, há uma promessa: CDs, DVDs, Blu-ray, vinis e arquivos digitais de artistas brasileiros com desconto de 19 a 25%.
"O objetivo é permitir que a população possa adquirir e consumir música brasileira em maior escala e de forma barata. Isso só é possível ao abaixar o preço", disse ao UOL o deputado Otávio Leite (PSDB), autor da lei, que foi acompanhado e apoiado por artistas como Marisa Monte, Ivan Lins, Lenine, Dado Villa-Lobos, Francis Hime, Fagner, Rosemary e Sandra de Sá --todos figurinhas carimbadas na votação do projeto no Senado.
Mas nem tudo é festa. Para o consumidor comprar, por exemplo, o disco mais recente de Marisa Monte, "O Que Você Quer Saber de Verdade", que tem valor médio de R$ 30, por pelo menos R$ 24, ainda pode levar um tempo.
"Não vamos mexer na tabela", afirmou Luciana Pegorer, dona da gravadora Delira Música, especialista em música clássica e instrumental. "Os preços estarão em uma próxima etapa. Vai demandar alguns meses. As compras de Natal já foram feitas e todo estoque já está com imposto. Já vendemos discos com a embalagem digipak (mais simples, feitas de papelão) por R$ 12,90. Essa tabela já está baixa".

QUAIS SÃO OS IMPOSTOS EXTINTOS?


Na produção do fonograma

Extingue-se o ISS (5%) sobre aluguel de estúdios, mixagem, masterização e insumos para formação do produto, pré-prensagem


Na prensagem 
O IPI zero prossegue somente na Zona Franca de Manaus. Na venda da fábrica para o distribuidor, e para o varejo, extingue-se o ICMS, de 19 a 23%, que varia de acordo com cada Estado

No vinil
O vinil vai se beneficiar da extinção do imposto da industrialização, mas como a única fabrica que produz a mídia, a Polysom, se encontra no Rio de Janeiro, ela não possui IPI zero, que ainda beneficia a Zona Franca de Manaus – parque industrial que abriga as principais empresas que produzem os CDs, DVDs e Blu-Ray. "A expectativa é que o desconto no preço, quando chegar, não seja muito significativo para os vinis", comenta Luciana Pergorer, diretora executiva da ABMI (Associação Brasileira da Música Independente)

No digital
No digital, na telefonia, na aquisição de fonograma por meio de operadora, extingue-se o ICMS, que varia de 30 a 35%, dependendo do Estado. A questão a ser debatida é: quais serviços de streaming e lojas de músicas, como iTunes, ainda não atuam no Brasil e não se enquadram na legislação brasileira?

No comércio online 
Direto de um portal de vendas ou do artista, não pode incidir o ICMS (19% no e-comércio) Exceção: COFINS, no entanto, por ser contribuição, continua a ser cobrado

Percentual de desconto estimado no produto final: 19% a 25%
Luciana também é diretora executiva da ABMI (Associação Brasileira da Música Independente), que acompanhou e sentou com o deputado para discutir a PEC, e afirma que o preço só terá reajuste com a extensão do benefício para outros setores da indústria, como a prestação de serviços e a fase preliminar da produção. Em outras palavras: aluguel de estúdios e masterização, o que, segundo ela, ainda não é garantido e depende de conversas com a área jurídica.
Essas conversas para um melhor entendimento da lei aconteceram na véspera da sessão solene e devem continuar. O presidente da ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Discos), Paulo Rosas, por exemplo, afirmou por telefone que não daria entrevistas sobre o assunto. "Estamos ainda conversando com a área jurídica. Não gostaria de antecipar nada", afirmou.
Otávio Leite, no entanto, garante que a emenda passa a valer em termos práticos para todos os setores. "O que é extinto em termos de imposto no físico é o ICMS, que varia 19 a 21%, dependendo do Estado; O ISS, que é aplicado na fase preliminar da produção, quando o fonograma precisa ser aperfeiçoado, mediante contratação de estúdio, músico, mixagem, produção. Tudo isso será extinto", afirmou o deputado (veja todos os impostos extintos e aplicáveis, de acordo com o deputado, no box ao lado).

Fôlego para a indústria

Afirmando que a indústria está "enforcada, operando no limite", Luciana defende a PEC como um fôlego para a indústria tirar o nariz do atoleiro e começar a mudar o comportamento do consumidor final. "Você tem que dar um bom serviço, senão ele vai continuar a baixar ilegalmente". A diretora também afirma que sem o ICMS, aplicável na compra e venda de CDs de um Estado para o outro, estará decretada o fim da regionalização da música. "Estamos em análise. Temos muito trabalho pela frente".
Fábio Cabral de Mello, responsável pela loja Passadiscos, em Recife (PE), é mais otimista. "Espero que as gravadoras já nos venda com o desconto proporcionado pelo fim dos impostos. É claro que vamos reduzir os preços. Acredito que o consumidor final vá comprar com um desconto de até 30%", disse o vendedor, que deixará de pagar o ICMS que chegava até 17,50% em cima das compras.

EMENDA CONSTITUCIONAL 75

Na constituição Federal, no inciso VI do art. 150, que já concede imunidade tributária a templos, patrimônios, serviços políticos, papeis de jornais, periódicos e livros, ganhará um parágrafo que assegura o benefício também aos "fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham". A publicação do texto no Diário Oficial ainda demora alguns dias.
O cantor Fagner, que prepara um disco independente, também encara a emenda como o fim das amarras da indústria. "Vamos ter discos mais baratos para motivar o povo a não comprar mais produtos piratas e motivar também o lojista. Não poderia ter surgido em momento melhor", comemorou o cantor, que afirmou ter participado do lobby em Brasília desde 2007, pedindo a atenção dos políticos ao tema. "O mercado está deteriorado. Eu mesmo estou fazendo um disco sozinho. Com a emenda, acho que o mercado vai ganhar folego e terá menos gastos".
A emenda não determina a diminuição do valor do produto final, apenas sugere o espaço para que haja a redução, mas Otávio Leite afirma não ter dúvidas que o preço vai mudar. "Os próprios artistas, produtores, profissionais da música e empresários também querem vender mais. Criamos as condições para isso. Seremos vigilantes. E a sociedade também poderá questionar", avisa.