A primeira preocupação dos técnicos é com o volume – que é a quantidade da intensidade sonora. Além dos volumes individuais, é necessário o ajuste do volume global. E isso tem muito a ver com a quantidade de potência sonora disponível para amplificar o som do local. É deveras desejável dispor de “b-a-s-t-a-n-t-e” potência. Esse requisito é o diferencial para obter um som mais limpo e audível. Quanto maior autonomia de potência, maior a resolução sonora. Quanto menor a carga potencial, o timbre tende a ser mais sujo porque está próximo do limite máximo da potência – gerando saturação e distorção. Por isso, cada local requer uma quantidade de potência com autonomia além do exigido para garantir uma performance de áudio satisfatória em termos de nitidez. Volume ou ganho são elementos ou qualidades sonoras diferentes de timbre. O timbre é o que discrimina o que é grave, médio e agudo. É a segunda preocupação dos profissionais no que diz respeito a monitoração do som. Lógico que os caras velhacos fazem os ajustes de maneira simultânea. E na maioria das vezes, o diferencial está nas texturas – na maneira como o técnico “timbra” o som do PA.
Gêneros musicais pesados como hard rock e metal, não são diretamente complicados em termos de regulagem ou ajustes por causa do próprio estilo. Isso é uma grande besteira dita por muitos técnicos que conheço. Lembro que quando João Gilberto fez uma série de apresentações no Credicard Hall, na ocasião da inauguração da casa – muito se falou da problemática da acústica e dificuldade de sonorizar o referido ambiente.
Mas quando trabalhei para o Dimmu Borgir em abril de 2004, o técnico inglês da banda simplesmente tirou o melhor timbre que já escutei na casa. E a banda brasuca que fez a abertura, o Torture Squad, também fez um showzaço com som impecável para a galera. Ou seja, nada a ver mesmo!
Mas em que? Ou em quem colocar a culpa quando o som é ruim? As variáveis são diversas! Pode ser o equipamento, a regulagem, o operador, a casa ou a conjunção de quaisquer dos elementos citados.
Um expediente obrigatório é a passagem de som, o soundcheck. É o momento de fazer os ajustes e resolver as “pendengas” sonoras. Na maioria dos casos, a banda comparece para a passagem de som. Tocam duas ou três músicas com interrupções para os acertos sonoros no palco e nos monitores direcionados aos músicos. Basta prestar atenção e notar as caixas que estão posicionadas na frente e na parte de trás do palco. São monitores solitários para cada músico, ou em pares. Depende da configuração requerida pela banda. O baterista geralmente utiliza dois sistemas de monitoração na parte de trás, ou nas laterais próximas ao próprio músico. Os guitarristas, baixistas, tecladistas e vocalistas requerem monitores na parte frontal do palco. Esses monitores são controlados pela mesa de monitor, e é possível escolher quais instrumentos o músico quer como referência sonora para ele próprio. E o sistema in-ear com fones de ouvidos, é a outra alternativa de monitoração. Na passagem de som é feita a checagem dos monitores, in-ear e definido qual a referência de som para cada músico.
Quando trabalhei para a banda Mortification em agosto de 2001, eles tocaram aproximadamente 18 músicas na passagem de som. Sim, foram mais músicas que no show principal! Bandas como Helloween e Unisonic comparecem sem os vocalistas para a passagem de som.
Já passei o som para muitas bandas, a qual os próprios integrantes odeiam fazer isso. E os caras só chegam na hora do show e as três primeiras músicas é o prazo para o ajuste fino e definitivo. Ou seja, é um fator de risco, mas os técnicos conseguem dar conta do recado.
O ajuste sonoro da casa vazia é diferente quando a casa está cheia. É quando a audiência entra no recinto e ocorre uma significativa alteração na pressão sonora – o barulho oriundo das pessoas também influi na regulagem definitiva no momento do show. Note que os técnicos estão sempre executando ajustes na mesa de som em diversos momentos do show.
Com relação a iluminação, é fundamental que o fornecimento de energia elétrica da luz e do áudio estejam separados em fases distintas – para que uma não interfira no rendimento da outra. Mas durante os preparativos técnicos do show, ambas as equipes trabalham simultaneamente.
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